A respiração nasal é fundamental para o crescimento e desenvolvimento adequado do complexo craniofacial do indivíduo, ao promover o funcionamento adequado das restantes funções estomatognáticas. As principais funções do nariz são: filtração, aquecimento e umidificação do ar inspirado. A filtração do ar e a proteção das vias aéreas inferiores são realizadas pelos pelos, função ciliar e ação química bactericida do muco. Os cornetos nasais, são uma das partes internas do nariz, regulam o fluxo respiratório com o aumento do seu volume. O aquecimento do ar é garantido pela irrigação de calor e a humidificação é fornecida pelo contato do ar com o líquido seroso existente na cavidade nasal, com a secreção lacrimal e com o muco que adere partículas estranhas. Essas funções condicionam o ar que chega aos pulmões.
Apesar de todas as vantagens referidas anteriormente e a tendência fisiológica para a respiração nasal, nem sempre é possível que esta ocorra principalmente durante a infância.
As principais causas da respiração oral e mista são as seguintes:
- Desvio do septo nasal;
- Hipertrofia das amígdalas, adenoides e cornetos nasais;
- Rinite alérgica;
- Sinusite;
A obstrução nasal determina a respiração oral, isto porque a respiração nasal não é eficaz por isso é necessário arranjar uma alternativa. Este tipo de respiração poderá trazer em alguns casos crónicos, alterações morfológicas da coluna vertebral, do esqueleto facial, do palato e das arcadas dentárias. Com a diminuição do espaço transversal da maxila, as fossas nasais perdem em largura. Com o aumento da profundidade do palato, as fossas nasais perdem em altura, o que torna a respiração nasal mais complicada.
Algumas alterações que ocorrem nos respiradores orais:
- Diminuição do paladar do olfato;
- Menor rendimento físico e intelectual;
- Cansaço frequente;
- Agitação, ansiedade;
- Baba noturna;
- Preferência por alimentos pastosos;
- Mastigação ineficiente;
- Deglutição atípica e com ruído;
- Imprecisão articulatória;
- Face alongada;
- Lábios constantemente entre abertos;
- Lábios secos e com cor alterada;
- Gengivite;
- Tendência à formação de caries;
- Alterações de oclusão;
- Palato (céu da boca) fundo e estreito;
- Tensão do músculo do queixo;
- Apinhamento dentário;
- Alterações na articulação temperomandibular (ATM);
- (…)
Um indivíduo com respiração oral não tem que apresentar todas estas alterações. Habitualmente apresenta algumas destas alterações mas o mesmo individuo não apresenta todas as alterações descritas em cima.
Respiração oral e a Terapia da Fala
O respirador oral necessita de uma abordagem multidisciplinar, é necessário uma equipa de vários profissionais: pediatra, otorrinolaringologista, terapeuta da fala, dentista entre outros profissionais dependendo do caso. Antes do Terapeuta da Fala iniciar a intervenção com estas crianças esta deve ser avaliada pelo otorrinolaringologista, para este descartar alguma causa orgânica, pois se existir é necessário resolver (amigdalectomia, adenoidectomia…). Depois da causa orgânica estar resolvida muitas vezes o paciente continua a ser respirador oral, não por uma obstrução nasal, mas sim pelo hábito.
Neste caso o Terapeuta da Fala, como é o profissional responsável pela motricidade orofacial e tem como principal objetivos propiciar a harmonia das funções estomatognáticas (respiração, fala, mastigação, deglutição e sucção), promovendo um equilíbrio miofuncional. Então, o Terapeuta da Fala tem um papel importante na reabilitação dos respiradores orais.
O tratamento do respirador bucal, baseia-se na reeducação da musculatura oral, pois se não o hábito residual poderá persistir. Assim, segundo Marchezan (1994) refere ser a terapia o foco para a aprendizagem do “uso do nariz”, sem esquecer que se deve orientar sempre a família.
A primeira etapa do tratamento é de esclarecer ao paciente e à sua família o que é a respiração oral, mostrando os padrões adequados. Portanto, trabalha-se a consciencialização, para depois se trabalhar o sistema sensório motor oral e as funções do sistema estomatognático, respeitando sempre a individualidade do paciente. São utilizados pelo o terapeuta da fala inúmeros métodos para trabalhar todas as falhas destes pacientes.